Coluna | Um Gênero e Muitas Ideias

| 24 setembro 2014 |
Recentemente, Cassandra Clare foi questionada por um fã sobre seu novo livro: O Desafio de Ferro, primeiro livro da série Magisterium. Essa nova série tem como tema um garoto que irá para uma escola de magia. Parece familiar? Ao ser questionada sobre essa familiaridade com a série Harry Potter, Cassandra Clare respondeu:

“Livros de Escolas/academias/campos/universidades de magia têm existido desde sempre no gênero da fantasia. Aqui está uma lista bem incompleta de 54 deles. Harry Potter é de longe a mais famosa - Percy Jackson provavelmente ocupa o segundo lugar no momento. Livros de escolas de magia realmente têm um gênero próprio, e todos os livros/filmes/seriados de tv que sejam sobre esse assunto têm suas similaridades. Essas similaridades são o que criam “um gênero.” (O gênero de distopia descreve uma fantasia ou ficção científica onde o governo/sociedade são ruins ou corruptos. Se não fossem maus ou corruptos, isso mudaria o gênero do livro, que não seria mais uma distopia)”.

Foi muito interessante essa fala da autora para nos fazer questionar um pouco os livros/gêneros que nós lemos e a originalidade que existe hoje em dia.

Creio que com tantos livros, tantas histórias e autores, seja completamente impossível encontrarmos uma narrativa 100% original, algo em que nem um detalhe nunca tenha sido contato, então, como podemos continuar a ler e nos interessar por esses livros?

Vamos começar pelo gênero que é o sucesso do momento: Distopias. Governos desiguais, que comandam seus países de maneira totalmente autoritária e o seu povo sofre com a opressão e a falta de escolhas. Como é possível um tema conseguir se estender por tantas séries tendo o mesmo ponto de partida?

Por mais que tenham a mesma premissa, cada uma das séries distópicas do momento tem as suas singularidades e cada uma delas toma um caminho totalmente independente que nos faz apreciar a narrativa. Por exemplo, em Jogos Vorazes temos uma protagonista que sua única intenção era salvar a vida de sua irmã, ela nunca quis ser a líder de uma revolução, mas, o tempo todo pensando naqueles em que ela amava, a protagonista seguiu em frente e aceitou o seu destino. Já em Divergente, a protagonista queria mudar a sua própria existência, ser capaz de fazer as suas próprias escolhas, decidir o seu próprio destino. São duas situações bem diferentes, mas que as colocou por um momento em situações semelhantes, para que depois cada uma trilhasse o seu próprio destino, de forma bem individual.

 Falando de livros mais românticos, podemos falar de autor que consegue construir histórias muito parecidas, ao mesmo tempo muito diferentes. Podemos resumir os livros de Nickolas Sparks da seguinte forma: Um homem e uma mulher se conhecem, se apaixonam, passam por alguma dificuldade e terminam juntos. Se você for analisar criticamente, os livros tem uma estrutura bem parecida, porém, o autor consegue criar personagens e situações bem elaboradas que prendem o leitor do começo ao fim do livro, mesmo já tendo lido vários livros com os mesmos aspectos.

Outro autor que trabalha dessa forma é Dan Brown. Com livros muito inteligentes, com fatos impressionantes e com finais sempre surpreendentes, mas estruturados todos da mesma forma. Os livros dele são muito bons, cada cena é sempre de tirar o fôlego, porém, particularmente, eu acho que os livros acabam ficando meio cansativos após alguns exemplares. As histórias são realmente fascinantes, mas estruturadas quase que milimetricamente da mesma forma. É como se você já soubesse tudo como vai acontecer, mesmo sem realmente saber nada, mesmo antes de ler o livro.

Nos dias de hoje, é impossível termos uma história totalmente original. Os gêneros existem para que nós possamos encontrar com mais facilidade livros que provavelmente irão nos agradar, porém, muitas vezes encontramos enredos muito parecidos, da mesma forma em que encontramos outros que, se não são totalmente originais, conseguem nos prender pela criatividade da narrativa.

Acho que esse é exatamente o ponto. Reinventar o que já existe. Trabalhar com histórias já conhecidas e moldá-las em torno da sua própria narrativa, até que as semelhanças fiquem quase imperceptíveis. E, com certeza, tem muitos autores fazendo isso muito bem.


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4 comentários:

  1. Concordo em numero, gênero e grau (risos), realmente é quase impossível encontrar algo original, sempre que leio um livro de alguma forma lembro de outro, mas acho estranho quando alguém reclama das semelhanças, pois assim que um livro que busca redesenhar algum estilo é lançado ele é cravado de criticas, um exemplo, devo dizer primeiro que critico muito também, é a série Crepúsculo que reformulou as histórias de vampiros e lobisomens, a autora trouxe uma nova visão para esse mundo sobrenatural, e por mais que tenha agradado muitos foi criticada pelo mesmo numero de adoradores. Houve uma reformulação de gênero e tema e mesmo assim não agradou, é claro que a obra dela não é completamente original, romances entre humanos e vampiros existem aos montes, porém o que importa é que as pessoas reclamam das semelhanças, mas reclamam ainda mais quando há divergências entre o novo e sua zona de conforto.

    Julielton Souza - Dialética Proposital

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    1. Exatamente. Se formos sempre buscar algo completamente original, podemos parar de ler. Pode surgir, um dia, uma obra que alcance esse patamar, mas acho quase impossível. Mas isso não é necessariamente ruim, todos gostamos de encontrar coisas "novas", mas também de estar um um terreno familiar. E assim vamos lendo e lendo... :D

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  2. Eu acho que em toda história vamos achar que e parecida com outra,mas cada autor vai criar seu universo com uma originalidade dele,não importa se os outros dizem que copiou de outro autor,as vezes pode ate ter sido,mas outras sairam parecidas quase sem o autor perceber mas sempre tera as diferenças e são elas que nos fazem querer conhecer mais sobre aquela história,cada um tem seu genero ou autor preferido,e acho que todos devem respeitar os outros pois eles se esforçam tanto para criar mundos onde nos leitores escapamos um pouco da nossa realidade.
    Bjs

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