Coluna | Quando Mudar Pode Ser Bom

Todos comentam sobre adaptações quando elas são mal feitas, principalmente pelo fato de fugirem da história original. Grande parte das adaptações, quando se mantém fieis, acabam tendo um resultado de ótima qualidade. Porém, ainda temos aquelas que, mesmo com grandes modificações, também ficam excelentes nas telas, sendo que essas modificações, em alguns casos, até superam o enredo original.

Eu assisti os dois primeiros filmes da série “As Crônicas de Nárnia” sem ter lido os livros e me apaixonei pela história e pelos seus personagens. Fui ler os livros já imaginando o quando iria amar embarcar mais profundamente naquele mundo. O primeiro filme é uma cópia exata do livro. Podemos ver em ambas as plataformas os mesmo elementos, devido também ao livro não ser extenso, foi possível deixar o filme muito fiel. Porém, ao ler “O Príncipe Caspian”, infelizmente não me senti do mesmo modo. Eu imaginava que cenas pouco desenvolvidas no filme teriam muito mais profundidade no livro, e não é o que acontece. Ao ver o filme em primeiro lugar e já ter desenvolvido em minha mente um final tão cheio de ação, romance e aventura, é um pouco decepcionante ler um final com menos entusiasmo e ação. Ou talvez tenha me sentido assim por ter as imagens do filme, recentemente visto, em minha mente. Eu torcia tanto para que o relacionamento entre Caspian e Susana fosse ainda mais aprofundado mas no fim, no livro, ele é inexistente.

Uma das séries mais amadas da atualidade, “Divergente”, conseguiu chegar aos cinemas com um filme muito fiel, para agradar os fãs, e com uma narrativa cheia de ação, com o mundo criado pela escritora muito bem desenvolvido para cativar os “iniciandos” desse universo. Apesar de toda a fidelidade do filme, não podemos deixar de mencionar uma das cenas finais que foi completamente reformulada, mas, nenhum fã pode negar que captou toda a essência do livro e o superou de forma grandiosa.  Foi uma mudança muito bem vinda, que não desagradou, muito pelo contrário. Tenho certeza que a própria escritora deve ter desejado ter desenvolvido essa cena exatamente dessa forma em seu livro. Quando Tris enfrenta Quatro no livro, quando ele está sob o efeito do soro da simulação, eles estão sozinhos. No filme, Janine e vários de seus subornados estão presentes, a luta atinge outro patamar, e tanto o retorno de Quatro a sua consciência, quanto à destruição da simulação, se elevam a outro nível. Muito mais tenso e emocionante.

Outro filme lançado recentemente e que já conquistou milhões de fãs ao redor do mundo, “Maze Runner”, se encaixa perfeitamente nessa categoria. O livro é fantástico. O leitor é apresentado a problemas e a soluções mirabolantes que te fazem não conseguir largar o livro, porém, muitas das cenas ali desenvolvidas ou demandariam muito tempo, ou seriam surreais quando apresentadas nos cinemas. Quando nós imaginamos uma cena, ela pode funcionar muito bem, porém, ver essa cena acontecendo, se for surreal demais, se não for coerente dentro do universo apresentado, pode ser uma catástrofe em um filme. Mesmo se tratando de fantasia, independente do que aconteça, tem que ter uma coerência dentro do mundo criado pelo autor para que o leitor aceite e consiga se prender a leitura. As mudanças de “Maze Runner” foram todas fantásticas, mas, diferente de outros livros, não é como se um fosse melhor que o outro. As mudanças funcionam bem em suas determinadas plataformas de origem, e isso é realmente fantástico. Acho que isso vale para as cenas que Thomas salva Alby e tudo que envolve a fuga deles do labirinto. Foram duas cenas apresentadas de formas muito diferentes, mas com o mesmo intuito e que se encaixaram muito bem no livro e no filme.

Qual a sua opinião? Vocês concordam que mudanças também podem ser positivas? Que adaptação vocês já assistiram que o filme inteiro, ou uma determinada cena, tenham sido melhores que o livro?