Mortes fictícias, sentimentos reais

| 17 junho 2015 |
Atenção: Essa coluna contém spoilers dos livros “A Esperança”, “Princesa Mecânica”, “Harry Potter e a Ordem da Fênix”, “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, “Harry Potter e as Relíquias da Morte” e “A Culpa é das Estrelas”. Se você não leu algum desses livros e não quer saber informações importantes sobre a história, não leia essa coluna.

É tão interessante perceber o quanto podemos nos apegar a histórias e aos seus personagens, o quanto podemos realmente entrar naquele mundo a ponto de realmente rir e chorar com o que acontece com aqueles que estão “a nossa volta” naquele momento. O que nós sentimos é realmente vivo e profundo, porém, quando algum personagem morre, esses sentimentos conseguem ser ainda mais arrasadores. É impossível não sentir como se alguém de verdade tivesse realmente morrido, e realmente morreu, pode ter sido apenas dentro da nossa imaginação, mas aquilo realmente aconteceu.

É inegável o quanto os leitores se apegam as histórias que eles estão lendo e aos personagens que fazem parte delas. Como não sofrer e se alegrar com o que acontece com personagens tão queridos que, às vezes, nós acompanhamos durante muitos anos?

Em novembro, teremos o lançamento nos cinemas do último filme da série “Jogos Vorazes”. Será que alguém está preparado para reviver o sofrimento que foi ler “A Esperança”? Todos nós conhecemos Prim, aquela por quem a sua irmã faria tudo, inclusive participar de um jogo selvagem do qual ela quase não tinha nenhuma chance de sobreviver. Foi completamente compreensível o que aconteceu, mas isso não faz com que a morte daquela menina meiga, doce e de bom coração, fosse mais suportável. Ler sobre o que lhe aconteceu e sobre a vida daqueles que tiveram que continuar lidando com a sua ausência, foi demais para que qualquer leitor não sucumbisse as lágrimas.

“Harry Potter” é um clássico quando nós tratamos de mortes que nos fizeram sofrer como nunca. Uma série que durou tantos anos, onde nós acompanhamos o crescimento e crescemos com cada um daqueles personagens, cada morte não poderia ser nada menos do que como se algo realmente tivesse sido tirado do nosso convívio. Para sempre.

Sirius era um personagem fantástico. Ele era a única esperança que Harry tinha de ter realmente uma família. Ele tinha sido preso injustamente durante anos por algo que nunca teria tido a coragem de cometer, e, quando finalmente parecia que ele poderia recuperar os anos perdidos, temos que assistir a sua morte que, se para o personagem não foi algo dolorido, para nós, leitores, foi de cortar o coração. No sexto livro, quando Dumbledore morre, não foi apenas o grande mentor de Harry que partiu. Foi o grande mentor de todos nós, aquele que sempre soube tudo, aquele que sempre fazia o que era certo, aquele que nunca cometeu erros. Não sei dizer o que foi pior nesse caso, ter visto a sua morte ou descobrir no livro seguinte que ele estava longe de ser uma pessoa perfeita. Também temos a morte dolorosa de Severo Snape. Como não sofrer com a morte de alguém que sofreu tanto durante sua vida, que amou como nenhum outro, que cometeu erros mas fez tudo o que estava ao seu alcance para remediá-los? Essa morte me atingiu como nenhuma outra, e atinge até hoje.

Outro livro que me fez derramar lágrimas, muitas lágrimas, foi “Princesa Mecânica”, ou, mais especificamente, o seu epílogo.  Depois de acompanhar Will por três livros, se apaixonar por ele, porque é basicamente impossível ler “As Peças Infernais” e não se encantar completamente por Will e Jem, é quase um martírio ler aquelas páginas narrando a sua morte. Sei que é uma morte tranquila, de alguém que viveu plenamente e foi muito feliz, porém, é a morte de alguém que nos proporcionou momentos fantásticos, de alguém que não vai poder continuar a sua história porque já não está mais nesse mundo. Sei que ainda teremos uma série com o filho de Will e Tessa como protagonista, porém, por mais que ele ainda apareça, será impossível não lembrar a cada momento do que vai acontecer. É realmente de cortar o coração.

Para terminar, não poderia deixar de falar de um livro que se tornou um clássico em nos fazer sofrer com a morte de um personagem e chorar até não poder mais. “A Culpa é das Estrelas” é um livro fácil de ler, de se encantar por sua história e de se apegar aos seus personagens. É impossível não amar os protagonistas e o amor construído em meio a tanta dor, porém, em uma reviravolta dramática, somos jogados no meio de um poço de dor e agonia com a morte de Gus. Como não chorar com a morte de alguém tão divertido, espontâneo e cheio de vida? Como não chorar com a morte de alguém que qualquer um de nós amaria ter em sua vida?

Não sei se existem pessoas que conseguem ler uma história sem se apegar a ela, sem nunca chorar e sofrer quando um personagem morre. Para mim, é praticamente impossível não sentir algo forte dentro do peito quando alguém, mesmo dentro das páginas de um livro, deixa a minha vida para sempre. Pode até ser que tudo aquilo não exista, porém, o que acontece dentro de mim é bem real, meus sentimentos são bens reais e o sofrimento é verdadeiro.

6 comentários:

  1. Realmente é verdade me apeguei em muitos livros e não desapeguei muito fácil e parar de ler por um tempo pq as vezes não da tempo isso é muito ruim a pessoa se apega na historia termina de ler o livro e pensa pq acabou assim é difícil

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  2. O Sirius, o Gus <//3 É de cortar o coração... Eu sofro quando personagens morrem (apesar de eu ~ainda~ não ter conseguido chorar, literalmente [pq choro por dentro, jdsaijdai]) e como você falou, o sofrimento é verdadeiro.
    E eu amo livros por isso: apesar de ser "somente páginas", "somente palavras", nos tocam de uma maneira tão grande; mudam a nossa vida, mudam a nossa maneira de ver a vida, ver as pessoas, entre outras coisas.
    Kissus!

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    1. Sorte a sua Sara, minha mãe já quase me internou várias vezes, achando que eu tinha ficado louca... hehehe

      Eu não choro, simplesmente, é quase um desabamento o que acontece, de cortar o coração mesmo :D

      Beijos!!!

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  3. Nossa, o Gus eu nunca irei superar. Ele foi o mais perto que eu tive de "Mariana, eu entendo você, entendo seus medos e dúvidas e estou com você". Se eu pudesse eu i traria de volta, para mim, para minha vida, por que eu preciso de um Gus na minha vida!

    Beijos,
    apenasumaleitura.blogspot.com.br

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    1. Eu também :D hehehe
      Mas, muito saudável e bem, para ficar para sempre comigo <3

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