Shea nasceu em uma família um tanto desajustada. Com um pai
que largou a primeira mulher para ficar com a sua mãe, e depois largou a sua
mãe para voltar para a primeira mulher, ela cresceu com uma mãe com uma fixação
nada saudável pelo ex-marido e um pai ausente. Por consequência, ela foi
“adotada” pela família da sua melhor amiga, Lucy. Com eles, ela sentia estar em
um verdadeiro lar, e lá ela conheceu aquela que viria a ser a sua grande
paixão: o futebol americano. Porém, o esporte não seria a única paixão que ela
encontraria nessa sua segunda família.
Crescer em uma cidade onde o futebol americano é o centro de
tudo era um orgulho e uma paixão para Shea. O treinador Carr, pai de Lucy,
sempre foi o seu grande ídolo, seu exemplo, alguém que ela admirava até mais do
que o esporte em si. Quando a esposa do treinador falece, foi como uma bomba
atingindo toda a cidade, mas todos prometeram fazer o melhor que eles pudessem
para que a vitória naquele ano fosse em sua homenagem. Shea até tenta se
desvencilhar um pouco do que a mantinha presa naquele lugar, ir atrás de novos
rumos, novos desafios para a sua carreira, porém, quando a paixão por um time é
incontrolável, e quando ela começa a descobrir que os seus sentimentos pelo
treinador vão muito além de admiração, ela se vê no meio de um dilema. Escolher
entre o que é certo, respeitar a memória de uma mulher que ela também admirou,
a dor que a sua melhor amiga estava sentindo ou seguir o seu coração e lutar
por aquele amor que ela havia suprimido por tanto tempo.
O que eu achei interessante nesse livro foi a forma como a
autora construiu os seus personagens. Sempre fico com um pouco de raiva de
personagens bons demais ou perfeitos demais. Isso é muito surreal, ninguém é
assim na vida real, todos cometem erros, portanto, é muito interessante
encontrar um livro em que todos os personagens, em algum momento, revelam suas
fraquezas, aquilo que os tornam realmente humanos.
Shea não é aquela protagonista puritana que se guarda
eternamente para o seu grande amor. Ela tem três relacionamentos distintos no
curto período da narrativa, mas todos eles são tão naturais e você percebe,
pelo menos nos dois primeiros, que ela realmente queria que tivesse dado certo,
que ela tentou até onde era possível, até quando seu coração permitiu. Eu
gostei de conhecer uma protagonista dessa forma, uma mulher mais real do que
estamos acostumados a ler, alguém que encara um relacionamento com alguém de
quem ela goste, mas não exatamente ame, como uma oportunidade de ser feliz,
apesar de saber que pode não dar certo. Gosto muito de uma cena em que ela faz
algo que sua melhor amiga queria, mas que não era exatamente o que faria Shea
feliz. Ela faz o que considera “certo”, mas não consegue não sentir raiva de
sua amiga por isso. Eu achei essa cena tão humana que foi impossível não
simpatizar com a personagem e com o que ela estava sentindo.
Mesmo o treinador Carr, alguém que, aos olhos de Shea, era
uma pessoa perfeita, acima de qualquer suspeita, também tinha as suas
fraquezas, as suas mágoas e havia cometido vários erros, por mais que esses
fossem relacionados mais a se omitir do que cometer um erro em si.
Acredito que esse livro seja mais uma história de autoconhecimento,
como as pessoas podem evoluir com uma perda e como é importante não deixar que
outras pessoas interfiram nos seus sonhos, do que sobre futebol americano em
si. Gostei de encontrar personagens tão reais e situações que poderiam fazer
parte do dia a dia de cada um. É difícil não gostar de um livro quando você se
identifica, mesmo que só um pouco, com o que acontece ali.
Achei interessante esse fato que você nos trouxe sobre a Shea ser uma personagem mais humana, mais real. Tem livros que as pessoas são totalmente perfeitas, ou são/fazem coisas que são irreais, fica uma coisa são falsa T__T
ResponderExcluirAdorei a resenha
Isso é uma coisa que me incomoda bastante em certos livros, quando a pessoa é perfeita demais. Eu gosto de personagens mais humanos mesmo :D
ExcluirBeijos!!!
Oi, Jana!
ResponderExcluirFiquei interessada no livro por tratar do luto e também ter personagens tão reais que nos identificamos com suas atitudes. Isso é mesmo ótimo!
Amei a resenha! Bjos <3
Espero que você goste, Dilza :D
ExcluirBeijos!!!