A Batalha dos Elementos (Parte 6/7)

| 01 agosto 2015 |
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Eu fui levado até uma das barracas montadas em volta da montanha. Não era a maior barraca ali presente, mas era bem maior que a maioria e logo eu entendi o porquê. Aquilo não era nada mais do que uma prisão. Pelo visto, mamãe não confiava inteiramente em mim. Não pude deixar de sorrir com essa constatação. Era bom saber disso.

Aquele lugar estava repleto de celas, mas todas vazias. Nenhum morador das montanhas representaria um grande risco para alguém com alguma afinidade, portanto, eles podiam ser deixados ao ar livre como bonecos de treinamento. Aquele pensamento me fez perceber que eu tinha que resolver rapidamente aquela situação.

Eu fui empurrado para dentro da minha cela que foi trancada com um grande cadeado de metal. Aquilo não seria problema, se não fossem aqueles quatro ao meu redor. Ninguém mais ficou na barraca, mas os quatro encapuzados se posicionaram um de cada lado, ainda formando aquele triângulo estranho com as mãos.

Eu tinha ficado tão surpreso com aquela aparição, e com a energia totalmente visível em suas mãos, que não percebi logo algo que poderia ser crucial para a minha fuga.

Eles não estavam com as mãos próximas apenas para formar o tal triângulo, todos eles estavam algemados. Mesmo que não estivessem usando os seus poderes de anulação, que eu supunha que era assim que eles os usavam, suas mãos não poderiam se afastar, pois estavam presas. Aquela informação era formidável. Eles não estavam ali de livre e espontânea vontade, eles também eram prisioneiros, e eu precisava achar uma forma de usar isso a meu favor.

- De onde vocês são? – Eu perguntei, mesmo que todos fingissem não me ouvir. – Vocês não são do Sul. Se fossem não estariam sendo obrigados a trabalhar para aquela mulher. De onde vocês são?

Os quatro ficaram tanto tempo sem esboçar nenhuma reação, que eu pensei que eles não pudessem realmente me ouvir, até que a pessoa que estava bem a minha frente levantou o rosto e eu pude ver o que se escondia embaixo do capuz.

Era apenas uma garota, muito mais nova do que eu, quase uma criança, também provavelmente tirada muito cedo de sua família para começar o seu treinamento.

- Eu sou dos exércitos do Leste. – Eu quase não pude ouvir o murmúrio da sua resposta. Não sei se ela estava com medo ou não usava a voz há muito tempo.

Eu percebi uma movimentação do lado direito e aquela pessoa também levantou o rosto. Ali era um homem que estava escondido. Ele parecia ser um pouco mais velho, mas era muito magro, a ponto de parecer que iria se desmanchar com um toque. Ele olhou preocupado para a entrada, assim que a menina começou a falar.

Os exércitos do Oeste, Leste e Norte tinham até que uma boa relação. Todos tentávamos viver nossas vidas, portanto que os outros nos deixassem em paz. Como o exército do Sul era o único que atualmente tentava tomar terras que não eram suas por direito, todos lutávamos contra ele, quando invadia outro território. Nunca unimos nossas forças efetivamente, o que seria um grande feito, mas também não atacávamos uns aos outros. Nenhum outro exército tinha relação alguma com o Sul, então eles estavam ali completamente contra a sua vontade. Eu ainda não tinha um plano, mas aquele era um ótimo começo.

- Eu posso ajudar vocês, mas vocês terão que me ajudar.

Eles não me responderam, mas eu podia ver os seus olhos, suas respirações pareciam quase suspensas, eu sabia que tinha sua total atenção.

- Vocês não precisam fazer nada, eu sou muito poderoso, vocês sabem disso. Ela não teria usado vocês se não estivesse com medo. – Apesar de não acreditar totalmente naquelas palavras, eu precisava convencê-los de qualquer maneira. – A única coisa que vocês precisam fazer é não usar esses poderes em mim. Em muito pouco tempo o exército do Oeste estará aqui, só precisamos de um pouco de tempo.

- Você não conseguiu nem defender a si mesmo lá na montanha. Ela te capturou facilmente. – Dessa vez a voz sussurrada veio das minhas costas. A pessoa que me olhava era tão frágil e pequena quanto as outras. Eu mal conseguia definir o sexo – Como você vai conseguir nos salvar também?

- Eu só fui pego desprevenido. – Comecei, tentando encontrar belas palavras para convencê-los, mas preferi escolher a verdade. – Eu nunca sequer tinha ouvido falar da existência de pessoas com a afinidade de vocês, se é que esse poder possa ser chamado de afinidade. Foi isso que nos fez perder daquela maneira. Sem vocês aqui, nós teríamos eliminado grande parte do exército do Sul, ou todos que nós conseguíssemos. Com vocês do nosso lado, vamos poder salvar aquelas pessoas sendo torturadas lá fora, impedir que o exército do Sul acabe com mais vidas e vamos poder escapar. – Ou fazer o máximo que for possível até o exército do Oeste chegar, mas essa última parte eu não disse em voz alta.

Não sei se eles sabiam ou não o quanto eu não acreditava em todas as minhas palavras, mas que eu faria o possível e o impossível para que elas fossem verdadeiras, só sei que eles acenaram rapidamente, um a um, acredito que com medo de que alguém visse, ou de que eles percebessem a loucura que estavam fazendo.

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Passaram algumas horas desde que eu fui enviado para aquela cela, mas tempo o suficiente para que eu contasse o meu plano e começasse a ficar ansioso com aquela demora. Queria sair dali o mais rápido possível, mas não mostrar a minha pressa era fundamental para que ninguém suspeitasse que algo pudesse estar errado.

Os quatro pareceram bem nervosos a princípio, mas estavam dispostos a ficarem ao meu lado. Eles tinham sido sequestrados de suas famílias e viviam como prisioneiros há anos. Apesar desse poder ser assustador, ele não era uma arma infalível. Seu alcance era apenas para poucas pessoas de uma só vez. Nada comparado a um exército.  Mas aquilo era exatamente o que eu precisava, poucas pessoas. Do exército, eu cuidaria.

Quando eu comecei a pensar que eles iriam embora e me esqueceriam ali, um homem alto e bem forte, que eu sabia ter afinidade com a terra, pois ele tinha sido um dos que haviam arrastados os meus amigos, entrou ladeado de outros homens, mas, pelo sorriso de satisfação em seu rosto, ele que estava no comando.

- Como vai o nosso principezinho? – Ele me perguntou de forma muito irônica, mas havia algo a mais por trás de seu falso desprezo.

Eu não havia parado para pensar na hora, mas agora, longe daquela situação crítica em que eu me encontrava, com um exército inteiro ao meu redor, podia perceber que eles não tratavam a minha mãe como se trata um superior. Eles ficavam ao seu redor como que querendo ser notados, querendo receber a sua aprovação.

Talvez aquilo que eu sentia no fundo de suas palavras fosse mais do que palavras rudes jogadas a um inimigo. Por mais que eu fosse claramente fiel ao Oeste, eu era filho daquela mulher, eu tinha um parentesco que eles nunca teriam. Ele estava claramente com ciúmes da nossa “relação”. Eu podia ver no seu olhar.

Não respondi a sua provocação, o que pareceu enfurecê-lo um pouco mais, porém, o que quer que minha mãe planejasse para mim, precisava de mim inteiro. Eu sabia que, por hora, ele não seria uma ameaça.

Meus quatro novos amigos voltaram a sua posição inicial, com o rosto coberto. Mesmo se eles estivessem nervosos, ninguém perceberia.

Aquele homem abriu a minha cela e me puxou para fora, com total violência. O sol estava quase se pondo quando finalmente deixamos a barraca, mas não foi isso que quase me fez entrar em desespero novamente. O exército estava totalmente pronto para partir. Todos a postos e equipados. O que não estava pronto, ficaria para trás. Aquilo não era nada bom. Eu precisava colocar o meu plano em pratica o mais rápido possível.

Minha mãe e meu esquadrão não estavam em nenhum lugar que minha vista alcançasse, o que era imprescindível para o meu plano. Nós começamos a nos mover, o que me apavorou. O que faríamos sem a ajuda do exército do Oeste? Nós não podíamos deixá-los partir antes que nossos reforços chegassem.

2 comentários:

  1. Infelizmente, eu não acompanhei essa história, mas confesso que essa quinta parte me agradou bastante. Além dessa parte ter me agradado, o personagens aparenta ser ótimo!

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    1. Que legal, Luis :D
      Mas, se você clicar no botão "Contos" no menu, você irá encontrar todos os contos já publicados.
      Beijos!!!

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