Não Olhe!

O nosso mundo não é mais o cenário dessa fantástica história. Ou deveria dizer, a nossa dimensão. Nina agora está em Zirk, lar daqueles que tentaram matá-la com tanto afinco, ou que acreditam que ela seja a escolhida para acabar com uma maldição que sempre os afligiu. Agora, Nina irá conhecer uma dimensão completamente diferente da sua, onde as mortes habitam e elas não possuem bons sentimentos. Mas o seu poder pode mudar isso, resta a Nina permanecer viva e descobrir se pode mesmo confiar na morte mais sedutora que ela já conheceu.

“Não Olhe!” é uma continuação eletrizante para essa história fantástica que começou com “Não Pare!”. No segundo livro da série, FML Pepper nos leva para Zirk, lar das mortes, seres sem bons sentimentos e que são responsáveis por matar os humanos, quando chega a hora de cada um deles. Por ser uma híbrida, Nina não poderia nem existir, pois seria impossível qualquer contato mais íntimo entre sua mãe e uma morte, pois ela teria toda a sua energia sugada no processo. Alguns clãs em Zirk acreditam que ela deve ser destruída, antes que ameace a existência deles, enquanto outros acreditam que ela terá o poder de acabar com a maldição que os impedem de ter bons sentimentos, como o amor.

É interessante ler esse livro e conhecer mais a fundo a mitologia criada pela autora. É impossível saber se os atos de muitas das mortes que cruzam o caminho de Nina são causados pela sua presença ou se alguns bons sentimentos já existiam entre eles, mesmo que eles não os conhecessem. Uma pessoa ajudar a outra, sentir o mínimo que seja de compaixão ou ter um carinho relacionado a laços familiares ou de confiança, requer bons sentimentos e muitas dessas relações aparecem na história, mas, como todas as informações que nós temos acesso são através da protagonista, não é possível saber se esses relacionamentos já existiam dessa forma ou surgiram com a chegada da híbrida naquela dimensão.

Richard está mais ainda mais perfeito, se é que isso é possível. Eu sempre confessei que amo personagens com esse tipo de personalidade, que são fechados, não confessam os seus sentimentos, na maior parte do tempo mantem uma postura fria e distante e, com gestos e ações muito singelas, conseguem demonstrar ao menos um pouco dos seus sentimentos. Pessoas com atitudes muitas vezes nobres, mas que não medem esforços, nem as consequências, para alcançarem os seus objetivos, um típico anti-herói.

O que me agradou nesse livro é, por mais que os seus sentimentos pela protagonista sejam verdadeiros, ou você acredite a maior parte do tempo que eles sejam, ele não mudou sua personalidade, ele continua sendo exatamente aquela mesma morte fria e insensível do primeiro livro, o que é maravilhoso para quem está lendo, porém, causa muitos desencontros e desespero da parte da protagonista, que não consegue acreditar em suas palavras, não confia em suas ações. Por mais que Nina o ame, é complicado acreditar em alguém que não parece se importar com você a maior parte do tempo. O que também é maravilhoso, pois, qualquer expressão de carinho, por menor que seja, vale por milhões de declarações de amor, nos faz vibrar de emoção, junto com a protagonista.

A capa do livro remete bem a história da sequência. Em Zirk as roupas são um tanto antiquadas, então, vestidos longos são a principal vestimenta que ela recebe, seja em que clã Nina esteja, completadas com a personagem fugindo, ficou ideal para esse livro. A diagramação é ótima e o início de capa capítulo dá um toque realmente elegante para a obra.

Amei me aventurar por outra dimensão com a protagonista em “Não Olhe!”. Conhecer os clãs de Zirk, os segredos e os personagens que neles habitam, foi algo realmente fantástico. Adorei o primeiro livro e estou ainda mais surpreendida com as habilidades da autora na sequência. Só não podia esperar que ela seria uma pessoa ainda mais sem coração com o final desse livro. Se o final do primeiro é enlouquecedor, não tenho nem palavras para descrever o final desse. Foi genial, mas maldade pura, eu diria. Esperando ansiosamente por “Não Fuja!” (Pelo bem da minha sanidade mental).

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