Filho Dourado

O Instituto pode ter sido muito mais violento e mortífero do que uma escola deveria ser, mas agora Darrow está no mundo real e o sonho de sua mulher deve ser realizado. Custe o que custar. Os ouros, que durante tanto tempo comandaram esse sistema deturpado de poder, devem ser enfraquecidos, e apenas uma coisa pode destruí-los: Guerra Civil.

No final de “Fúria Vermelha”, Darrow aceita a proposta do ArquiGovernador Augustos que desejava recrutá-lo depois de seu notável desempenho, mas ele não manteria o Ceifeiro ao seu lado se ele não se mostrasse digno, se ele não fosse o melhor. Ao perder uma batalha e ser constrangido pela família Bellona, Darrow se vê a um passo de ser dispensado por Augustos e, consequentemente, estar mais distante de realizar o sonho de Eo.

Conhecendo bem seu ArquiGovernador, Darrow consegue, manipulando sua cobiça e seu orgulho, começar uma batalha contra a família Bellona, para que Augustos tivesse a oportunidade de ter um poder ainda maior, mas para isso eles teriam que vencer aqueles que estavam no topo, vencer quem entrasse em seu caminho, começar uma guerra.

Nem consigo começar a descrever meus sentimentos ao terminar esse livro. “Fúria Vermelha” tinha me apresentado a um mundo realmente genial, era possível perceber que essa seria uma série única, porém “Filho Dourado” conseguiu me fazer encontrar naquelas páginas toda a dor de uma guerra, o amor de uma família, as consequências de uma grande mentira, como confiar nas pessoas erradas pode destruir tudo o que você acredita e como não confiar nos seus verdadeiros amigos pode subjugar alguém.

A importância de Darrow nessa guerra, contra uma sociedade tão deturpada dentro de si mesma, é sem precedentes. Como nenhum outro protagonista, ele é insubstituível. Alguém que tem o poder de um ouro com o coração daquele que nasceu um escravo e que viu o pai e a mulher morrerem para que a ordem que a elite havia criado não começasse a desmoronar.

Darrow é um herói forjado do ódio pelos seus inimigos, mas que consegue ser a inspiração necessária para qualquer cor, mesmo que eles não saibam realmente pelo o que estão lutando. Ele consegue ser um grande líder exatamente por não ter a mentalidade orgulhosa de um ouro, saber encontrar em meio a qualquer cor aqueles que podem realmente ajudá-lo em sua missão.

Não houve sequer um momento desse livro que eu tenha ficado com o coração tranquilo. Pierce Brown é o mestre das reviravoltas. O leitor conhece a história de Darrow e seus reais objetivos, portanto, o autor cria tantos obstáculos quanto possível, até literalmente a última página, para nos fazer acompanhar e terminar esse livro com o coração na mão.

“Filho Dourado” consegue ser ainda mais fantástico que o primeiro livro. Nós já conhecemos as peças principais desse jogo, onde cada personagem tem seus próprios objetivos obscuros. A escola terminou, por mais perversa que ela tenha sido, agora é hora da vida real, onde vencer não significa ser o mais forte, onde a astúcia pode ser tão importante quanto uma lâmina. O final dessa narrativa é desesperador. Fechei o livro apenas tentando recolher os cacos do que havia sobrado de mim ao ler a última linha. Aquela sensação de ter vivido algo grandioso e aquele desespero para ter logo a continuação em mãos, ainda me acompanharão por um bom tempo.