Almanova

Morrer devia sempre considerado o fim de tudo, mas não quando você tem certeza que vai renascer. Por muitas gerações, as almas sempre voltavam em novos corpos para continuarem a sua existência, para aprenderem e serem úteis para a sociedade. Nunca uma alma deixou de renascer, até um dia em que uma Almanova nasceu, e outra deixou de existir, para sempre.

Ana sempre foi tratada de forma hostil pela própria mãe e quase não tinha contato com nenhuma outra pessoa. Segundo a mulher que lhe deu a vida, ela era uma sem alma, alguém que não havia vivido por gerações como todos os outros, que de alguma forma havia tomado o lugar de uma alma que deveria ter renascido. Ana queria encontrar o seu lugar no mundo, entender porque ela era única, a razão pela qual havia nascido.

Quando ela finalmente deixa a casa de sua mãe e quase morre no processo, mas é salva por um homem chamado Sam, ela conhece um novo mundo, onde, pela primeira vez, ela pode se sentir querida, amada. Estar ao lado de Sam era tudo o que Ana queria e precisava. Ter ele e sua música era tudo o que a faria feliz, porém, nada seria fácil em um mundo em que as pessoas não entendiam a sua existência e tinham medo de serem os próximos a desaparecerem.

É muito complicado atualmente, com tantos títulos novos surgindo a cada dia, com tantas novas histórias, nós nos depararmos com algo novo. “Almanova” tem um enredo, um ponto de partida, que eu nunca encontrei em outra narrativa. Jodi Meadows fala sobre reencarnação em um universo onde isso é algo completamente natural, onde a morte é algo dolorido, que a pessoa sofre no processo, mas que ninguém realmente sente a falta daquele que se foi, sabendo com certeza que essa pessoa irá voltar. Juntamos isso ao fato de que, desde o começo dos tempos, não surgiu mais nenhuma Almanova, temos o começo de algo único e sensacional.

Ana cresceu acreditando que era um erro, que nunca deveria ter nascido, que havia tomado o lugar de alguém. Ao mesmo tempo, ela queria viver, queria aproveitar a vida. Ao conhecer Sam, ao descobrir que alguém poderia gostar dela, querer cuidar para que ela vivesse bem e feliz, ela descobriu que queria muito viver, que tinha seus próprios sentimentos, que, por mais que tantos a odiassem, que ela também merecia fazer parte desse mundo.

Sam é apaixonante. É fantástico poder entender alguém que já havia vivido por tantas vidas, mas, mesmo assim agia como se ainda tivesse muito o que aprender. Ele já tinha conhecido muitas outras almas, mas nunca tinha encontrado alguém que inspirasse tanto o seu talento, que o fizesse voltar para a música como nunca. 

Esse livro também trata sobre política e preconceitos. Será que quem está no poder tem sempre a razão? Será que tudo o que é diferente tem que ser temido? Os políticos queriam controlar cada passo de Ana, saber tudo sobre o seu desenvolvimento. A população tinha medo de que ela fosse apenas a primeira, e muitas almas também desaparecessem para que outras tomassem os seus lugares. É impossível não entender essas pessoas, mas também não é possível não odiar as suas ações, ao ver o que isso causava na protagonista.

“Almanova” é um livro que me encantou por essa história realmente singular. Nós podemos juntar personagens maravilhosos, que nos fazem suspirar e torcer por eles a cada página, a uma história que tem tudo para ser ainda mais fantástica em suas sequências. Uma leitura imperdível!