Há muitos anos Violet não era dona de seu destino. Viver em
uma sociedade onde a elite não conseguia ter filhos, e algumas jovens especiais
eram tiradas de suas famílias para esse fim, só poderia resultar em dor e
sofrimento, além de um desejo de liberdade sem fim.
Ao se tornarem mulheres, todas as garotas do pântano, a
classe social mais baixa da hierarquia apresentada nessa história, são
obrigadas a fazer um exame que detecta aquelas que são especiais, que tem o
poder de controlarem os presságios, fazerem com que as coisas a sua volta se
moldem ao seu comando. Dessa forma, elas são as únicas capazes de gerarem
filhos saudáveis para a realeza, quando as mulheres da Joia não são mais
capazes disso.
Essas meninas são tiradas de suas famílias e leiloadas como
nada além de um objeto. Sem mais possuir um nome, uma família, ou um passado
que interesse as suas donas, a única função das substitutas é gerar e moldar um
herdeiro perfeito, mesmo que o custo para aquela que dará à luz seja incalculável.
A trama em torno da qual a história foi construída é
interessante, mas eu acredito que as substitutas sejam submissas demais,
levando em conta o poder que elas têm em mãos, e não estou falando de
garantirem a continuação das linhagens reais. Controlar os presságios é algo
incrível. Elas podem fazer literalmente o que elas quiserem, fazer com que tudo
ao seu redor responda aos seus comandos. Não é algo fácil, exige esforço e
sofrimento, mas, para quem está lendo a narrativa, aqueles são poderes dignos
de quem está no topo, não de alguém tratado como um escravo que deve apenas
seguir a vontade de seus senhores.
O único momento onde Violet resolve seguir os seus instintos
é quando ela conhece Ash. Apesar que de uma forma diferente, ele também não é
dono de seu destino e tem que seguir todas as vontades daqueles que estão
pagando pelos seus serviços. Nesse momento, a história consegue realmente
atrair a nossa atenção, quando finalmente a atração que eles sentem é maior do
que o medo. A vontade de fazer algo que realmente seja um desejo próprio, algo
que nunca lhes foi permitido sentir, superando tudo o que eles aprenderam desde
que foram tirados de suas famílias, desde que foram privados de sua liberdade.
Em um momento onde as distopias ainda estão na moda, é
sempre difícil achar livros com temas realmente inovadores, sendo que todos
possuem a mesma premissa. Apesar do tema escolhido pela autora ser
interessante, esse livro não conseguiu me conquistar a ponto de entrar para o
rol das minhas distopias favoritas. Não que o livro não seja legal, achei uma
leitura leve, interessante, mas não realmente marcante a ponto de me fazer
pensar nele a cada momento, mas, para ser justa, poucos livros conseguem
realmente esse feito.
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