“A Fila”, da autora Ana Esterque, é um tipo de livro que
sempre me enche de contradições quando eu estou lendo. Livros de contos
geralmente ou fazem com que eu não me prenda a história, ou fique frustrada
pela narrativa ser curta demais e posso dizer que passei pelos dois extremos
lendo esse livro.
O primeiro conto, que dá título ao livro, “A Fila” nos passa
tão claramente os sentimentos de uma criança perante a responsabilidade que a
mãe coloca em suas mãos, a tensão que ela sentia naquele momento e o medo de
ser repreendida, que é impossível terminar não achando que foi abrupto,
desejando saber o que aconteceu, se a mãe retornou, ou ao menos se a geladeira,
pivô de toda a trama, foi realmente comprada.
Em “Boa noite, Isabella” estamos realmente na cabeça da
personagem, durante seu jantar, ao encontrar com desconhecidos, aparentemente
simpáticos, que a fizeram viver a maior violência de sua vida, por mais que
ela, e consequentemente o leitor, não se lembre de nada do que aconteceu. A
diagramação nesse conto tem um peso enorme, uma forma muito bem elaborada de
deixar aquele momento em branco.
Em um dos meus contos favoritos, “Os Estrategistas” temos um
autor (não sei se a própria autora do livro) em seu momento como Deus. Quando o
autor é dono do seu próprio mundo, decide quem vive e quem morre, porém, o que
pode acontecer quando um de seus personagens não está conformado com o seu
destino? Genial e surpreendente. O único conto que não me deixou frustrada,
querendo saber mais do que estava por vir. Teve um desfecho que realmente
finalizasse a história.
No conto “Você não acha que ainda é cedo” conhecemos os
moradores de um prédio, enquanto um homem deixa a sua casa, passa de andar em
andar, mas apenas nós, leitores, realmente sabemos o que se passa em cada um
daqueles apartamentos e a relação que os moradores tem uns com os outros, até o
que homem finalmente chegue ao seu destino.
Todos os contos nos deixam com uma sensação de tensão,
tristeza, mas, ver a autora colocando uma coelhinha como personagem principal,
é de cortar o coração. O título desse conto não poderia ser mais perfeito. Em
“Amor delicado” temos exatamente o sentimento do que é amar um animalzinho, o
que é estar ao lado dele e vê-lo envelhecer, porém, ao invés do lado humano,
vemos isso do ponto de vista do animal. Emocionante e genial.
A autora tem um grande conhecimento e domínio para
transmitir o que é ser humano, ou o que se passa na alma humana. Fiquei
impressionada com os sentimentos, pensamentos e a relação que eu consegui criar
com os personagens, mesmo com cada história com tão poucas páginas, me deixando
por muitos momentos com um gostinho de quero mais.
Jana!
ResponderExcluirgosto de livros de contos justamente porque nos mostra várias facetas da autora (no caso aqui).
E saber que ela demonstra o conhecimento sobre os sentimentos do ser humano e consegue transmiti-lo em seus contos, torna o livro interessante.
“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher.” (Simone de Beauvoir)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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Hey, Rudy :D
ExcluirDepois me conte o que achou.
Beijos!!!