Muitos anos após o último filme do universo dos mutantes,
poucos deles ainda existem. Nenhuma pessoa mais nasce com dons especiais e, os
poucos remanescentes, agora se escondem do mundo. Logan finalmente chegou a sua
velhice, juntamente com todos os infortúnios que ela poderia lhe trazer. Com um
trabalho comum e viciado em bebidas, ele apenas tenta manter o professor Xavier
a salvo, mesmo que as suas feridas já não se curem como antes. Quando uma nova
mutante aparece, uma criança, que teoricamente não deveria existir, algo dentro
de Logan renasce e essa pode ser a sua última oportunidade de fazer o que é
certo.
Quando fui ao cinema assistir “Logan”, imaginei que iria
encontrar um filme melancólico, mas todos os sentimentos que me envolveram
superaram muito apenas a melancolia. Começamos com o choque de encontrar um
mundo onde todos aqueles mutantes que nós aprendemos a amar não existem mais. Logan
é um homem amargurado, que parece estar apenas esperando por sua morte, e a de
seu grande amigo, para que tudo finalmente termine. O professor Xavier não é
mais aquele homem sábio, inteligente e o mentor de que todos necessitavam.
Agora, ele é um homem que mal conseguia controlar sua mente, que vivia preso,
para o seu próprio bem, e de todos aqueles a seu redor.
Eles vivem em uma situação tão inferior à que nos despedimos
no último filme, uma escola cheia, repleta de alunos com dons especiais, onde
formavam um verdadeiro lar, onde qualquer um poderia encontrar uma família, que
é impossível não ficar desolada, sentir uma intensa tristeza, ao acompanhar suas
vidas naquele momento.
Quando somos apresentados a mutante X-23, ou apenas Laura, a
narrativa do filme mostra a que veio. Laura era apenas uma criança, mas não uma
mutante comum. Ela havia sido criada em um laboratório, assim como outras
iguais a ela. Não aguentando ver crianças vivendo naquela situação, sendo
treinadas para virarem soldados, um grupo se reúne para ajudá-las a fugir. Laura
tem os mesmos poderes de Logan, se recusa a dizer uma só palavra, mas é a
esperança que o professor Xavier esperava, a única coisa que convence Logan a
tentar mantê-la em segurança.
Esse, com certeza, é o filme mais violento dos mutantes. Sem
nenhum tipo de disfarce na hora de mostrar as garras de Logan, ou da mutante
X-23, dilacerando as suas vítimas, cabeças rolando, e um palavreado nem um
pouco infantil, justificam a classificação indicativa do longa. Por outro lado,
o filme é tão pesado, tão denso e sombrio, tão diferente do filme “X-Men”,
lançado há 17 anos, que seria impossível fazer com que um filme como esse fosse
voltado para o mesmo público.
“Logan” é um filme de despedidas, ou a fagulha de um novo
começo. Os fãs dos mutantes ficarão com aquele sentimento de tristeza do começo
ao fim do filme. É impossível assistir e não se emocionar ao encontrar a
velhice, a falta de esperança e o final de personagens tão marcantes. Há 17
anos, fomos apresentados a esse mundo, nos cinemas, com cenas engraçadas, muita
cor, personagens com toda uma vida pela frente e esperança. Agora, nos
despedimos deles com um sentimento mais sombrio, mas com o filme mais grandioso
e emocionante da franquia.
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