Os mutantes não são mais uma ameaça. Agora, eles são como
heróis que estão prontos para salvar os humanos em momentos de necessidade.
Porém, bastaria apenas um deslize para que esse equilíbrio delicado fosse
completamente prejudicado. Uma poderosa mutante, sem controle sobre seus
poderes e emoções, poderia colocar tudo a perder.
Jean Grey jamais seria considerada uma ameaça, mesmo sendo
portadora de poderes tão destrutivos, porém, não ter controle sobre eles, nem
sobre suas emoções, poderia ser o estopim de uma guerra contra os dois mundos,
humanos e mutantes.
Após um salvamento de astronautas, muito bem-sucedido, Jean é
atingida por uma força espacial misteriosa que eleva os seus poderes, mas destrói
muros construídos em sua mente há muitos anos, por alguém que dizia querer protegê-la,
mas que escondeu dela um dos principais fatos de sua vida.
Nós sempre vimos Charles Xavier como o mentor sábio e
bondoso da equipe de mutantes. Mesmo com alguns vislumbres do que poderia se
tornar a sua personalidade, em outros filmes, perante a decepção de não
conseguir se encaixar no mundo, agora vemos o outro lado, que também pode ser
assustador. O excesso de aceitação faz com que ele comece a agir com um pouco
de estrelismo, querendo agradar a todo o momento e colocando seus X-Men em
risco.
A presença de Mística nesse filme é uma inversão de valores
dos longas anteriores. Ela se transforma na voz da razão, aquela que realmente
vê o que está acontecendo. A mutante que se preocupa e realmente quer
resguardar a sua equipe, porém, logo é tirada de cena, e vemos o quanto Charles
precisa de uma dose de realidade para voltar a colocar (em sentido figurado) os
pés no chão. Nesse caso, sua dose de realidade é representada pela sua
favorita, pela mutante mais poderosa sob o seu comando, mas que deixa de
confiar em seu tutor e faz com que, em apenas um momento, ele perca tudo o que
lutou tanto para conquistar.
Esse filme difere muito de “X-Men 3: O Confronto Final”, que
também trouxe a Fênix Negra a cena. O novo filme leva para a tela um lado mais
emocional de Jean Grey, o quanto aquilo a afetava psicologicamente, mas peca um
pouco no que poderia ser a grande batalha de Fênix Negra contra os mutantes de
Charles Xavier, o que também é ressaltado pela inserção de uma nova personagem
como vilã da história, o que eu, particularmente, não achei muito necessário.
Após um grande filme de uma série, é sempre mais complicado
acompanhar as sequências, pois é impossível não haver comparações. Após o filme
genial que foi “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido”, sempre vamos esperar algo
tão grandiosos e de tirar o fôlego. “Fênix Negra” é um filme muito bom, mas
falta bastante para nos causar as emoções de “Dias de um Futuro Esquecido”.
Mas é claro que temos grandes destaques nesse filme. Pela
primeira vez eu realmente amei o personagem de Scott Summers. Pudemos ver o
amor dele por Jean e tudo o que ele faria o ela. Sua preocupação com seu amor é
algo encantador, além do quanto ele queria ajudá-la e o quanto a defendia,
mesmo sendo testemunha do que ela seria capaz de fazer.
Também temos Hank McCoy, em sua versão mais humana, apesar
da Fera em que ele pode se transformar. Alguém sempre tão leal a Charles, dessa
vez mostrando toda a sua decepção e apelando para alguém que já foi um grande
inimigo, é a prova do quanto algo estava muito errado em todo aquele universo,
o quanto o professor X precisava reavaliar suas prioridades.
O final de “X-Men: Fênix Negra”, além de trazer uma batalha
incrível, também traz uma lição de humildade e amizade. Dois personagens na
série, sempre muito impactantes, lutando ou não no mesmo lado, mas sempre
mantendo uma relação de respeito, e até de amor, até o fim. Deixando de lado as
comparações, vale muito a pena assistir.
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