Autora: E.K. Johnston
Algumas histórias não precisam ser contadas... elas precisam
ser vividas.
Uma garota que se entrega a um monstro para poupar a vida da
própria irmã. Por ela seu povo começa a orar, achando que era certo o seu
destino. Após tantas esposas mortas, o destino daquela garota não poderia ser
diferente, a não ser que ela tivesse um poder que nenhuma das esposas
anteriores tinha. Nenhuma delas havia se tornado um Deus vivo, alguém que
respondia preces alheias, com o poder de transformar ilusões em realidade.
Algumas histórias tem o dom de, mesmo com diversas releituras,
terem fôlego para nos encantarem. Esse livro, apesar de partir de uma narrativa
muito conhecida, consegue enredar por um caminho bem peculiar, construindo um
enredo deveras singular, apesar de muito incomum quando se trata de uma
releitura.
Vamos começar pelo fato de que a maioria dos personagens
principais não tem nome. É, isso mesmo, poucos personagens na história são
chamados por outro nome que não os seus títulos. Porém, é algo tão bem escrito,
tão fluído, que me choquei absurdamente ao só perceber realmente esse fato nos
agradecimentos, quando a autora, E. K. Johnston cita o que foi feito. Estou
chocada até agora com a forma com a qual eu fui manipulada (de forma positiva)
para me envolver tanto com a narrativa e não perceber algo tão importante.
Nessa obra, a protagonista tem uma forma bem peculiar de
narrar suas histórias. Diferente da obra original, ela não envolve seu marido
em contos, noite após noite, para permanecer viva. Sua vida é poupada por
motivos que só descobrimos ao longo do livro, suas histórias são muito mais
desejos/premonições, do que narrativas para entretenimento, e o seu poder pode
ser comparado ao do algoz que ela agora chamava de marido.
Lo-Melkhiin, um dos poucos personagens nomeados na história,
o Rei cruel que matou dezenas de outras esposas, também é muito intrigante a
princípio. Um homem fantástico, um Rei justo e exemplar que, um dia, após
voltar de uma caçada, estava completamente diferente. Apesar continuar a ser um
bom Rei, suas atitudes podiam não serem tão bem vistas, incluindo seus muitos
matrimônios e o fim cruel de todos eles.
Foi interessante o tema que a autora criou para justificar
os atos do Rei e os poderes da protagonista. Em algum momento da história, nos
esquecemos em que livro ela foi baseada e estamos totalmente enterrados naquelas
areias, tentando encontrar uma solução que não seja tão amarga para alguém no
final.
"As Mil Noites" é um incrível livro de fantasia.
Imaginei que ele fosse um pouco mais romântico pela sinopse, mas nada que deixe
a desejar, muito pelo contrário. A trama é muito bem escrita e segue por um
caminho bem diferente do que somente a história de um casal, vai muito além
disso, o que me conquistou imensamente.
É sempre muito bom poder ser surpreendida com uma história que nos deixa surpresa, assim como de poder ler uma releitura original.
ResponderExcluirConfesso que sempre fico cismada com tramas baseadas em histórias clássicas. Mas algumas valem muito a pena.
Espero poder ler essa fantasia. :)