A Rainha Vermelha

| 23 outubro 2020 |

Autora: Victoria Aveyard
Editora: Seguinte
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Uma população inteira separada pela cor do seu sangue. Enquanto os prateados são os governantes, devido aos poderes especiais que o seu sangue lhe confere, os vermelhos são a escória, nascidos apenas para lutarem guerras que não lhe pertencem e servirem aos seus superiores. Porém, o surgimento de uma vermelha com talentos nunca antes vistos, pode ser o começo de uma grande mudança para esse Reino.

Terminar de ler esse livro não foi fácil. Diversos surtos emocionais me acompanharam ao fechar a última página. Victoria Aveyard merece cada um dos elogios que já recebeu por essa série incrível. É um livro com tantas reviravoltas, tantos acontecimentos inesperados, tantos personagens desenvolvidos com tamanha profundidade, que o fim da obra te deixa sem fôlego, e desesperado pela continuação.

Mare não era nada além de uma vermelha ladra, com o destino já definido. Por não possuir uma ocupação, ela seria enviada para a Guerra, de onde não sabia se voltaria. Ao tentar comprar a sua liberdade e a de um amigo, acaba destruindo a vida de sua irmã, a última esperança de sua família, pois ela foi punida em seu lugar por um roubo de Mare.

Em seu desespero, para tentar ajudar a sua família da única forma que ela conhecia, tenta roubar de um homem que era muito mais esperto que suas vítimas usuais, e que parece se interessar pela história de Mare. 

Quando, ao invés de ir para a Guerra, ela é convocada para servir a família do próprio Rei, mal poderia imaginar que o homem misterioso que ela havia tentado roubar era ninguém menos que o Príncipe Herdeiro e general mais importante do Reino de Norta.

Porém, nada seria mais surpreendente em seu primeiro dia de trabalho, diante das famílias mais importantes de todas as cortes prateadas, quando Mare pensa que irá morrer devido a um "acidente", poderes misteriosos se manifestem, na frente de todos, chocando aqueles prateados que jamais viram um vermelho com poderes, algo que mudaria tudo.

Para conter algo que poderia ser muito prejudicial para a Coroa, o Rei obriga Mare a fingir ser uma prateada, filha de um herói de guerra, morto há anos, que teria sido criada por vermelhos sem saber sua verdadeira origem, além de se tornar noiva do príncipe mais novo, Maven. Agora, a vermelha teria que começar a compreender, e controlar, seus novos poderes, em meio a intrigas, guerras e traições que permeavam a sua nova vida.

Uma narrativa incrível de fantasia. Reinos, guerras, intrigas, poderes, mas também, uma narrativa angustiante. A protagonista é obrigada a deixar a sua família para viver entre pessoas que ela odiou durante toda a sua vida. Ela não conseguia confiar realmente em ninguém, mesmo naqueles que pareciam ser bons, que a tratavam com gentileza, pois, ela estava entre inimigos, entre prateados e, a qualquer momento, eles poderiam perceber que ela não era mais útil para sua causa.

Cal, o príncipe herdeiro, aquele que a trouxe para o Palácio achando que a estava salvando de um destino ainda pior em meio as Guerras, parecia ser um bom homem, na medida do possível. Alguém que queria ser um Rei um pouco melhor para o seu povo, incluindo os vermelhos, porém, o seu medo de mudar, de fazer as coisas ficarem piores do que já estavam, não davam esperança para a protagonista de que o seu Reinado seria diferente do pai, principalmente com a noiva arrogante e cruel que ele havia sido obrigado a aceitar como sua futura Rainha.

Por outro lado, temos o príncipe mais novo, filho do segundo casamento do Rei. Maven não foi treinado para as Guerras com Cal, não tinha a sede de lutas do irmão mais velho, e nem o tamanho do amor que seu pai dedicava ao primogênito. Sua inveja do irmão e rancor do pai são bem claros, mas isso não faz com que o jovem, agora noivo de Mare, não seja gentil ou tenha ideais diferentes do irmão. Maven era o bálsamo de Mare naquele mar de mentiras e lutas pelo poder, e poderia ser o melhor aliado para a sua causa, principalmente quando outros vermelhos começam a lutar para que o mundo finalmente mude.

Esses personagens incríveis constroem uma história de tirar o fôlego. O livro ser narrado do ponto de vista da protagonista faz com que a autora tenha a oportunidade de realmente nos colocar a prova para descobrir as intenções reais de cada um, nos surpreendendo e chocando a cada capítulo.

Impossível prever o final, muito menos os personagens que estarão envolvidos em tramas tão chocantes, mas, apesar do sentimento de desespero, as pistas estavam todas lá, só não enxergamos porque a autora soube construir essa narrativa com perfeição.

Que primeiro livro chocante e incrível! "A Rainha Vermelha" é o ponto de partida de algo realmente épico. Tantos personagens lutando por seus desejos ou ideais, todos acreditando que os fins justificam os meios, nos deixando em páginas e mais páginas repletas de vilões, pois é quase impossível acreditar que alguém possa ser considerado um mocinho, mesmo que seu desejo seja nobre, quando suas ações nem sempre têm tanta nobreza.

 

A seguir, alguns comentários COM spoilers:

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Amei Cal e Maven desde o primeiro instante. Dois príncipes tão diferentes, mas tão perfeitos, cada um à sua maneira. Cal com toda sua força e superioridade, herdeiro da coroa, e que conseguia olhar para uma menina vermelha perdida e tentar salvá-la, da maneira que pudesse. Um futuro Rei que poderia dispensar um pouco do seu tempo para ensiná-la a dançar, algo que faria apenas com que ela não fizesse papel de boba, algo que não salvaria ninguém, ou que venceria uma guerra.

Maven era tão gentil. Apesar de amargurado pela falta de atenção do pai, como noivo de Mare, ele era um escudo para ela, alguém que estaria ao seu lado quando precisasse, alguém que teria coragem de trair seus pais, de trair o reino para ficar ao seu lado, para lutar por tudo aquilo que sua noiva acreditava.

Eu sentia, no decorrer do livro, que um dos dois me decepcionaria, que um dos dois partiria meu coração sem chance de colar os pedaços, mas nunca imaginaria que a traição seria tão cruel e imprevisível.

Cal se recusa a ajudar Mare a derrubar o pai, a construir um novo reino onde os vermelhos seriam tão importantes e tão bem tratados quanto os prateados, porém, Maven a manipulou, com ajuda da mãe (ou, seguindo suas ordens) desde o primeiro instante. Alguém tão meigo e gentil, mas que se mostrou capaz de assistir o assassinato do pai e incriminar o próprio irmão e a mulher a quem ele demonstrava amar. 

Quando Cal e Mare estavam na arena, à beira da morte, continuou sem demonstrar nenhum remorso. Seus poucos lapsos, poucos momentos em que aquele menino gentil novamente aparecia, logo davam lugar ao Rei cruel que ele já demonstrava que seria, principalmente com uma mãe tão perversa ao seu lado.

Meu coração não aguenta um final tão terrível. No livro inteiro, a autora cita que todos traem todos, porém, nunca imaginei que seria de forma tão intensa, desumana e perversa.

Ver Cal no final do livro, tão desolado, um futuro Rei sendo tratado com traidor, sem mais vontade de sequer lutar contra aqueles que ele perseguiu com tanto afinco, apesar de saber que ele não seria um Rei realmente perfeito, é de cortar o coração.

Esse final... esse final, é para destruir as estruturas de qualquer um...  

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