Editora: Seguinte
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Uma população inteira separada pela cor do seu sangue.
Enquanto os prateados são os governantes, devido aos poderes especiais que o
seu sangue lhe confere, os vermelhos são a escória, nascidos apenas para
lutarem guerras que não lhe pertencem e servirem aos seus superiores. Porém, o
surgimento de uma vermelha com talentos nunca antes vistos, pode ser o começo
de uma grande mudança para esse Reino.
Terminar de ler esse livro não foi fácil. Diversos surtos
emocionais me acompanharam ao fechar a última página. Victoria Aveyard merece
cada um dos elogios que já recebeu por essa série incrível. É um livro com
tantas reviravoltas, tantos acontecimentos inesperados, tantos personagens
desenvolvidos com tamanha profundidade, que o fim da obra te deixa sem fôlego,
e desesperado pela continuação.
Mare não era nada além de uma vermelha ladra, com o destino
já definido. Por não possuir uma ocupação, ela seria enviada para a Guerra, de
onde não sabia se voltaria. Ao tentar comprar a sua liberdade e a de um amigo,
acaba destruindo a vida de sua irmã, a última esperança de sua família, pois
ela foi punida em seu lugar por um roubo de Mare.
Em seu desespero, para tentar ajudar a sua família da única
forma que ela conhecia, tenta roubar de um homem que era muito mais esperto que
suas vítimas usuais, e que parece se interessar pela história de Mare.
Quando, ao invés de ir para a Guerra, ela é convocada para
servir a família do próprio Rei, mal poderia imaginar que o homem misterioso
que ela havia tentado roubar era ninguém menos que o Príncipe Herdeiro e
general mais importante do Reino de Norta.
Porém, nada seria mais surpreendente em seu primeiro dia de
trabalho, diante das famílias mais importantes de todas as cortes prateadas,
quando Mare pensa que irá morrer devido a um "acidente", poderes
misteriosos se manifestem, na frente de todos, chocando aqueles prateados que
jamais viram um vermelho com poderes, algo que mudaria tudo.
Para conter algo que poderia ser muito prejudicial para a
Coroa, o Rei obriga Mare a fingir ser uma prateada, filha de um herói de
guerra, morto há anos, que teria sido criada por vermelhos sem saber sua
verdadeira origem, além de se tornar noiva do príncipe mais novo, Maven. Agora,
a vermelha teria que começar a compreender, e controlar, seus novos poderes, em
meio a intrigas, guerras e traições que permeavam a sua nova vida.
Uma narrativa incrível de fantasia. Reinos, guerras,
intrigas, poderes, mas também, uma narrativa angustiante. A protagonista é
obrigada a deixar a sua família para viver entre pessoas que ela odiou durante
toda a sua vida. Ela não conseguia confiar realmente em ninguém, mesmo naqueles
que pareciam ser bons, que a tratavam com gentileza, pois, ela estava entre
inimigos, entre prateados e, a qualquer momento, eles poderiam perceber que ela
não era mais útil para sua causa.
Cal, o príncipe herdeiro, aquele que a trouxe para o Palácio
achando que a estava salvando de um destino ainda pior em meio as Guerras,
parecia ser um bom homem, na medida do possível. Alguém que queria ser um Rei
um pouco melhor para o seu povo, incluindo os vermelhos, porém, o seu medo de
mudar, de fazer as coisas ficarem piores do que já estavam, não davam esperança
para a protagonista de que o seu Reinado seria diferente do pai, principalmente
com a noiva arrogante e cruel que ele havia sido obrigado a aceitar como sua
futura Rainha.
Por outro lado, temos o príncipe mais novo, filho do segundo
casamento do Rei. Maven não foi treinado para as Guerras com Cal, não tinha a
sede de lutas do irmão mais velho, e nem o tamanho do amor que seu pai dedicava
ao primogênito. Sua inveja do irmão e rancor do pai são bem claros, mas isso
não faz com que o jovem, agora noivo de Mare, não seja gentil ou tenha ideais
diferentes do irmão. Maven era o bálsamo de Mare naquele mar de mentiras e
lutas pelo poder, e poderia ser o melhor aliado para a sua causa,
principalmente quando outros vermelhos começam a lutar para que o mundo finalmente
mude.
Esses personagens incríveis constroem uma história de tirar
o fôlego. O livro ser narrado do ponto de vista da protagonista faz com que a
autora tenha a oportunidade de realmente nos colocar a prova para descobrir as
intenções reais de cada um, nos surpreendendo e chocando a cada capítulo.
Impossível prever o final, muito menos os personagens que
estarão envolvidos em tramas tão chocantes, mas, apesar do sentimento de
desespero, as pistas estavam todas lá, só não enxergamos porque a autora soube
construir essa narrativa com perfeição.
Que primeiro livro chocante e incrível! "A Rainha
Vermelha" é o ponto de partida de algo realmente épico. Tantos personagens
lutando por seus desejos ou ideais, todos acreditando que os fins justificam os
meios, nos deixando em páginas e mais páginas repletas de vilões, pois é quase
impossível acreditar que alguém possa ser considerado um mocinho, mesmo que seu
desejo seja nobre, quando suas ações nem sempre têm tanta nobreza.
A seguir, alguns comentários COM spoilers:
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Ainda está por aqui? Siga por sua conta e risco rsrs
Amei Cal e Maven desde o primeiro instante. Dois príncipes
tão diferentes, mas tão perfeitos, cada um à sua maneira. Cal com toda sua
força e superioridade, herdeiro da coroa, e que conseguia olhar para uma menina
vermelha perdida e tentar salvá-la, da maneira que pudesse. Um futuro Rei que
poderia dispensar um pouco do seu tempo para ensiná-la a dançar, algo que faria
apenas com que ela não fizesse papel de boba, algo que não salvaria ninguém, ou
que venceria uma guerra.
Maven era tão gentil. Apesar de amargurado pela falta de
atenção do pai, como noivo de Mare, ele era um escudo para ela, alguém que
estaria ao seu lado quando precisasse, alguém que teria coragem de trair seus
pais, de trair o reino para ficar ao seu lado, para lutar por tudo aquilo que
sua noiva acreditava.
Eu sentia, no decorrer do livro, que um dos dois me
decepcionaria, que um dos dois partiria meu coração sem chance de colar os
pedaços, mas nunca imaginaria que a traição seria tão cruel e imprevisível.
Cal se recusa a ajudar Mare a derrubar o pai, a construir um
novo reino onde os vermelhos seriam tão importantes e tão bem tratados quanto
os prateados, porém, Maven a manipulou, com ajuda da mãe (ou, seguindo suas
ordens) desde o primeiro instante. Alguém tão meigo e gentil, mas que se
mostrou capaz de assistir o assassinato do pai e incriminar o próprio irmão e a
mulher a quem ele demonstrava amar.
Quando Cal e Mare estavam na arena, à beira da morte,
continuou sem demonstrar nenhum remorso. Seus poucos lapsos, poucos momentos em
que aquele menino gentil novamente aparecia, logo davam lugar ao Rei cruel que
ele já demonstrava que seria, principalmente com uma mãe tão perversa ao seu
lado.
Meu coração não aguenta um final tão terrível. No livro
inteiro, a autora cita que todos traem todos, porém, nunca imaginei que seria
de forma tão intensa, desumana e perversa.
Ver Cal no final do livro, tão desolado, um futuro Rei sendo
tratado com traidor, sem mais vontade de sequer lutar contra aqueles que ele
perseguiu com tanto afinco, apesar de saber que ele não seria um Rei realmente
perfeito, é de cortar o coração.
Esse final... esse final, é para destruir as estruturas de
qualquer um...
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