Princesa das Cinzas

| 04 junho 2021 |


Autora: Laura Sebastian
Editora: Arqueiro
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Ela nasceu para um dia ser Rainha, porém, seu reino foi tomado e sua mãe morta antes que ela sequer entendesse quem realmente era. Agora, a outrora Princesa Theodosia, atendia pelo nome de Thora e não era nada além de um objeto servindo aos objetivos do responsável pela morte de sua mãe e de milhares de seu povo, agora escravizados.

Em geral, a protagonista em uma narrativa deve evoluir, encontrar o seu lugar no mundo e nos mostrar a superação de seus medos, para que aquela história seja realmente instigante de se ler. A autora, Laura Sebastian, não só nos trouxe a evolução da protagonista, como colocou esse fato como o principal elemento que nos conduz durante toda a trama.

Após dez anos sendo prisioneira do kaiser, um homem cruel, que já não lutava mais as suas batalhas, e a punia por qualquer revolta de seu povo, tudo o que Thora conseguia fazer era abaixar a cabeça, sorrir e se mostrar grata por sua benevolência, só assim continuaria viva.

Encontramos a personagem em um momento de extrema fragilidade, um estado de espírito que já perdurava por muitos anos. Ela sofreu desde a infância, cresceu entre inimigos, sabia que não podia confiar em ninguém, portanto, é totalmente compreensível o seu medo, e seria até compreensível que a sua mente já tivesse se perdido completamente após tantos anos de angústia e tortura.

Porém, pela primeira vez, após tanto tempo, um velho amigo surge em sua vida, lembrando quem ela realmente era, de quem ela era filha, e que as poucas pessoas do seu povo que ainda restavam estavam sofrendo, precisando de alguém que lutasse por elas.

Chamada de Princesa das Cinzas pelo kaiser, obrigada a usar uma coroa que se desmanchava, assim como seu Reino, como uma fênix, ela ressurge das cinzas de sua humilhante coroa e, pela primeira vez, consegue ver alguma esperança para o futuro. Que não seja para ela, ao menos para o povo que ela, e sua mãe, tanto amaram.

Confesso que foi muito difícil ler certas cenas. A autora não foi nem um pouco piedosa com a sua personagem. É incrível ver o quanto Theo é forte, pois quase ninguém conseguiria superar tantos traumas, abusos e traições e manter sua mente sã o suficiente para lutar pelo seu lugar de direito, contra aqueles que só dizimavam vidas.

Conforme prosseguimos na narrativa, entendemos que o kaiser é como um parasita que invade os lugares, acaba com todos os recursos, enquanto escraviza o povo, fazendo-os morrer pouco a pouco de privações. Não tem como não odiar um personagem tão cruel, o que torna tão difícil quando o seu filho entra em cena.

Aparentemente, Soren discorda das atitudes do pai, e quando herdar o seu lugar pode tornar muitas coisas diferentes. Porém, ele cresceu em um mundo de escravos, invasões, de tomar a força aquilo que ele queria. Por mais que não concordasse com as torturas que o pai impõe a antiga princesa, por muito tempo não consegue afrontá-lo, por mais que não concorde com a sua forma de tomar algo a força, não recua quando tem que ser o braço que desempenha esse papel.

Claro que estou apaixonada por esse filho. Amo personagens controversos, que fazem a nossa cabeça pirar tentando entender de que lado ele está, se terá coragem de fazer as escolhas certas, porém, sofri muito com suas escolhas e a que lugar elas o levaram.

No final do livro esse é o grande estopim: escolhas. Escolher entre o dever e o coração, entre um povo e um homem, entre o que você foi ensinado durante toda a sua vida, ou o que diz seu coração.

Impossível não querer começar a sequência imediatamente. "Princesa das cinzas" é uma obra incrível. Que jornada de superação, permeada por tanta crueldade, ganância e injustiças. Um reino que era perfeito, agora quase esgotado como cinzas, assim como a sua princesa. Porém, se nas cinzas ainda restarem uma fagulha, ela pode ser acesa. No próximo livro vamos ver se essa fagulha vai apagar completamente, ou virar um grande incêndio.

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